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28/10/2025# Amamentação: Posições, Fissuras e Mitos Comuns
Você sabia que aproximadamente 70% das mães brasileiras enfrentam algum tipo de dificuldade durante a amamentação nos primeiros meses? Entre os desafios mais comuns estão o posicionamento inadequado, o aparecimento de fissuras mamilares e a influência de mitos que podem prejudicar o sucesso do aleitamento materno. A boa notícia é que a maioria desses problemas pode ser prevenida ou resolvida com informação correta e técnicas adequadas.
A amamentação é um processo natural, mas isso não significa que seja instintivo ou fácil para todas as mães. É uma habilidade que precisa ser aprendida e praticada, tanto pela mãe quanto pelo bebê. Neste artigo, vamos abordar as melhores posições para amamentar, como prevenir e tratar fissuras nos mamilos, e desmistificar as crenças mais comuns que podem estar atrapalhando sua jornada de aleitamento materno.
A Importância do Posicionamento Correto na Amamentação
O posicionamento adequado durante a amamentação é a base para uma experiência bem-sucedida e confortável. Quando mãe e bebê estão bem posicionados, diversos benefícios são observados imediatamente.
Primeiramente, a posição correta facilita a pega do bebê no seio, permitindo que ele retire o leite de forma mais eficiente. Isso significa que o pequeno se alimentará adequadamente, ganhará peso conforme o esperado e a mãe terá menos desconforto durante a mamada.
Além disso, o bom posicionamento previne problemas comuns como fissuras nos mamilos, ingurgitamento mamário e dores nas costas e pescoço da mãe. Consequentemente, a experiência da amamentação torna-se mais prazerosa e sustentável a longo prazo.
As Melhores Posições para Amamentar
Conhecer diferentes posições para amamentar é fundamental para encontrar aquela que funciona melhor para cada dupla mãe-bebê. Cada posição tem suas vantagens específicas e pode ser mais adequada em diferentes situações.
Posição Deitada de Lado
Esta é uma das posições mais confortáveis, especialmente para mamadas noturnas ou quando a mãe precisa descansar. Deite-se de lado na cama, com travesseiros atrás das costas para apoio. Coloque o bebê de frente para você, barriga com barriga, e aproxime-o do seio.
A vantagem desta posição é que permite que a mãe descanse enquanto amamenta, sendo ideal para recuperação pós-parto e mamadas durante a madrugada. Certifique-se de que o bebê esteja bem apoiado e que sua cabeça esteja alinhada com o corpo.
Posição Sentada Tradicional
Sente-se confortavelmente em uma cadeira com apoio para as costas ou na cama com travesseiros. Segure o bebê com o braço do mesmo lado do seio que será oferecido, apoiando a cabeça dele na dobra do seu cotovelo. O corpo do bebê deve ficar voltado para você.
Esta posição oferece bom controle sobre a cabeça do bebê e permite que a mãe observe sinais de que ele está mamando adequadamente. É uma das posições mais utilizadas e confortáveis para a maioria das mães.
Posição Cavalinho
Nesta posição, o bebê fica sentado no colo da mãe, de frente para ela, como se estivesse “montado”. A mãe segura o pescoço e a nuca do bebê com uma das mãos, oferecendo o seio com a outra.
Esta posição é especialmente útil para bebês com refluxo, prematuros ou que têm dificuldade para manter a pega. O posicionamento vertical ajuda na digestão e pode reduzir cólicas.
Posição Invertida (Bola de Futebol Americano)
Segure o bebê ao seu lado, com o corpo dele passando por baixo do seu braço. A cabeça do bebê fica apoiada na sua mão, e o corpo dele fica ao longo do seu antebraço. Esta posição é chamada de “bola de futebol americano” porque lembra como um jogador carrega a bola.
Esta é uma excelente opção para mães que passaram por cesárea, pois evita pressão sobre a cicatriz. Também é útil para mães de gêmeos, permitindo amamentar os dois bebês simultaneamente, e para mulheres com seios grandes.
Posição em Pé
Embora menos comum, algumas mães acham confortável amamentar em pé, especialmente quando o bebê está agitado ou tem cólicas. Segure o bebê como na posição tradicional sentada, mas fique em pé, balançando suavemente.
Esta posição pode ser útil para acalmar bebês mais agitados e é uma alternativa quando não há local adequado para sentar.
Por Que Variar as Posições é Importante
Alternar entre diferentes posições durante a amamentação traz vários benefícios importantes. Primeiramente, cada posição drena diferentes áreas da mama, ajudando a prevenir o empedramento do leite e garantindo um esvaziamento mais completo.
Além disso, a variação de posições previne dores musculares na mãe, especialmente no pescoço, ombros e costas. Isso é particularmente importante considerando que as mamadas podem durar várias horas ao longo do dia.
Para bebês, diferentes posições podem proporcionar experiências variadas de sucção e podem ajudar aqueles que têm preferência por apenas um lado ou dificuldades específicas de pega.
Fissuras Mamilares: Prevenção e Cuidados
As fissuras nos mamilos são uma das principais causas de interrupção precoce do aleitamento materno. No entanto, com conhecimento adequado e técnicas corretas, a maioria desses problemas pode ser evitada.
Principais Causas das Fissuras
A causa mais comum das fissuras mamilares é a pega incorreta do bebê. Quando o bebê não abocanha adequadamente a aréola, ele acaba sugando apenas o mamilo, causando trauma e dor intensa na mãe.
O posicionamento inadequado também contribui significativamente para o problema. Quando o bebê não está bem posicionado em relação ao seio, ele pode “puxar” o mamilo durante a sucção, causando lesões.
Outros fatores incluem a anatomia específica de alguns bebês (como freio lingual curto), uso inadequado de bombas de extração de leite e até mesmo condições dermatológicas da mãe.
Identificando a Pega Correta
Reconhecer uma pega adequada é fundamental para prevenir fissuras e garantir que o bebê se alimente eficientemente. Uma pega correta apresenta características específicas que toda mãe deve conhecer.
O bebê deve abocanhar não apenas o mamilo, mas também boa parte da aréola, especialmente a parte inferior. Os lábios devem estar voltados para fora, formando um “lacre” ao redor do seio. Você deve conseguir ver mais aréola acima da boca do bebê do que abaixo.
Durante a sucção adequada, você observará um movimento rítmico na mandíbula do bebê, e poderá ouvir a deglutição. A amamentação não deve causar dor intensa; um leve desconforto nos primeiros dias é normal, mas dor severa indica problemas na técnica.
Estratégias de Prevenção
A prevenção das fissuras começa com a preparação adequada e a aplicação de técnicas corretas desde as primeiras mamadas. Certifique-se sempre de que o bebê esteja bem posicionado antes de aproximá-lo do seio.
Varie as posições de amamentação para distribuir a pressão da sucção em diferentes pontos do mamilo. Após cada mamada, deixe uma gotinha de leite materno secar naturalmente no mamilo – o leite tem propriedades cicatrizantes e antibacterianas.
Mantenha os mamilos secos entre as mamadas, trocando absorventes quando necessário. Use roupas íntimas confortáveis e de algodão, evitando tecidos sintéticos que podem causar irritação.
Desmistificando a Amamentação: Verdades Científicas
Muitos mitos sobre amamentação ainda persistem em nossa sociedade, influenciando negativamente a experiência das mães e, às vezes, levando ao desmame precoce. É fundamental conhecer os fatos científicos para tomar decisões informadas.
Mito: “Meu Leite é Fraco”
Este é talvez o mito mais prejudicial e comum sobre amamentação. A verdade científica é que não existe “leite fraco”. O leite materno tem composição perfeita e se adapta constantemente às necessidades do bebê.
O que muitas mães interpretam como “leite fraco” é, na verdade, o leite anterior, que é mais aguado e tem função principalmente hidratante. Conforme a mamada progride, o leite posterior torna-se mais espesso e rico em gorduras.
Se o bebê está ganhando peso adequadamente, produzindo urina clara e fezes regulares, o leite está sendo suficiente e adequado. Problemas de crescimento geralmente estão relacionados à frequência ou técnica de amamentação, não à qualidade do leite.
Mito: “Amamentação Estraga os Seios”
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a amamentação não “estraga” os seios. As mudanças na mama ocorrem principalmente durante a gravidez, devido às alterações hormonais, não durante o aleitamento.
Na verdade, a amamentação traz benefícios significativos para a saúde da mulher, incluindo redução do risco de câncer de mama e ovário, proteção contra osteoporose e auxílio na perda de peso pós-parto.
As mudanças na aparência das mamas estão mais relacionadas a fatores como genética, idade, variações de peso durante a gravidez e número de gestações do que propriamente ao ato de amamentar.
Mito: “Usar Chupeta Não Interfere na Amamentação”
A introdução precoce de chupetas pode sim interferir no estabelecimento da amamentação. Isso ocorre devido ao fenômeno conhecido como “confusão de bicos”, onde o bebê pode ter dificuldades para alternar entre diferentes tipos de sucção.
A sucção no seio materno é diferente da sucção na chupeta ou mamadeira. O uso precoce de bicos artificiais pode fazer com que o bebê desenvolva uma técnica inadequada de sucção no seio, prejudicando a transferência de leite.
A recomendação dos especialistas é aguardar pelo menos 4-6 semanas para introduzir a chupeta, quando a amamentação já estiver bem estabelecida.
Mito: “Amamentar é Naturalmente Fácil”
Embora a amamentação seja um processo biológico natural, isso não significa que seja instintivamente fácil para todas as mães e bebês. É uma habilidade que precisa ser aprendida e desenvolvida.
Muitas mães sentem-se frustradas ou inadequadas quando enfrentam dificuldades, pensando que deveriam saber naturalmente como fazer. A realidade é que tanto a mãe quanto o bebê estão aprendendo, e isso leva tempo e prática.
Buscar apoio profissional, participar de grupos de apoio à amamentação e ter paciência consigo mesma são atitudes fundamentais para superar os desafios iniciais.
Mito: “Mães Doentes Não Podem Amamentar”
Na maioria dos casos, mães doentes não apenas podem como devem continuar amamentando. O leite materno contém anticorpos que protegem o bebê contra a mesma doença que a mãe está enfrentando.
Existem poucas contraindicações absolutas para a amamentação, como HIV positivo (no Brasil), uso de certas medicações quimioterápicas ou doenças muito específicas. A grande maioria das condições comuns, como gripes, resfriados e até mesmo mastite, não impedem a continuidade do aleitamento.
Sempre consulte profissionais de saúde especializados antes de interromper a amamentação por motivos de doença.
Dicas Práticas para o Sucesso na Amamentação
Implementar estratégias práticas no dia a dia pode fazer toda a diferença para uma experiência de amamentação bem-sucedida e prazerosa.
Preparando o Ambiente Ideal
Criar um ambiente confortável e tranquilo para as mamadas contribui significativamente para o sucesso do aleitamento. Escolha um local calmo da casa, com boa iluminação natural durante o dia e luz suave à noite.
Mantenha sempre por perto uma garrafa de água, pois a amamentação aumenta a sede da mãe. Tenha também lanches saudáveis ao alcance, já que você pode sentir fome durante mamadas mais longas.
Almofadas de apoio podem ser muito úteis para posicionar o bebê adequadamente e reduzir a tensão em seus braços e ombros. Um apoio para os pés também pode melhorar sua postura durante a amamentação.
Reconhecendo Sinais de Sucesso
Saber identificar se a amamentação está funcionando bem traz segurança e confiança para as mães. Existem indicadores claros que demonstram que o bebê está se alimentando adequadamente.
O ganho de peso regular é o principal indicador de sucesso. Nas primeiras semanas, é normal que o bebê perca até 10% do peso de nascimento, recuperando-o até o 14º dia de vida. Após esse período, o ganho deve ser constante.
A produção de urina e fezes também é um excelente indicador. Bebês bem alimentados produzem pelo menos 6 fraldas de urina por dia após a primeira semana, e as fezes passam de escuras (mecônio) para amareladas e pastosas.
Durante as mamadas, você deve ouvir a deglutição do bebê e observar sucção rítmica e eficiente. O bebê deve parecer satisfeito após as mamadas e ter períodos de alerta intercalados com sono tranquilo.
Quando Buscar Ajuda Profissional
Reconhecer quando é necessário buscar apoio especializado pode prevenir complicações maiores e garantir o sucesso da amamentação.
Procure ajuda imediatamente se desenvolver fissuras que não melhoram em 2-3 dias, se sentir dor intensa durante toda a mamada, ou se notar sinais de infecção como vermelhidão, inchaço e febre.
Quanto ao bebê, busque orientação se ele não estiver ganhando peso adequadamente, parecer sempre insatisfeito após as mamadas, ou se você suspeitar que não está recebendo leite suficiente.
Consultoras em amamentação, enfermeiros especializados, pediatras e grupos de apoio são recursos valiosos que podem oferecer orientação personalizada e suporte emocional durante todo o processo.
Construindo uma Jornada de Amamentação Bem-Sucedida
A amamentação é uma jornada única para cada dupla mãe-bebê, e ter as informações corretas é fundamental para superar os desafios comuns. Dominar as diferentes posições de amamentação, prevenir fissuras através da técnica adequada e desmistificar crenças prejudiciais são passos essenciais para o sucesso.
Lembre-se de que enfrentar dificuldades no início é completamente normal e não indica fracasso. Com paciência, prática e o apoio adequado, a maioria dos problemas pode ser resolvida, permitindo que você e seu bebê desfrutem de todos os benefícios do aleitamento materno.
O mais importante é buscar informações baseadas em evidências científicas e não hesitar em pedir ajuda quando necessário. Sua jornada de amamentação merece ser apoiada com conhecimento correto e cuidado especializado.
Se você está passando por desafios na amamentação ou quer se preparar melhor para essa fase, considere buscar o apoio de profissionais especializados em aleitamento materno. Invista em seu conhecimento e bem-estar – você e seu bebê merecem uma experiência de amamentação positiva e bem-sucedida.




